sábado, 30 de outubro de 2010

CME + Associação Humana Portugal = Dar aos de fora quando os de casa precisam

A Câmara Municipal do Entroncamento vai colaborar com a Associação HUMANA Portugal na recolha de vestuário e calçado que depois serão canalizados, 5% para as lojas de segunda mão da Associação (três em Lisboa e uma no Laranjeiro) e 62 % para VENDA a preços módicos nos países africanos de expressão portuguesa para activar a actividade económica local e gerar recursos para o desenvolvimento! Os restantes 25% destinar-se-ão a angariação de fundos por via do seu potencial reciclável e o restante destinado a lixo.

Para o efeito, a Autarquia disponibiliza no Concelho diversos locais para a colocação dos contentores de recolha de roupa usada, estando os contentores à disposição dos munícipes que queiram colaborar de forma solidária com a doação de roupa e calçado usados.

Aderir a esta situação até se pode considerar um gesto nobre, mas é mais um exemplo que na câmara não se ponderam devidamente as situações uma vez que esta iniciativa desviará dos carenciados do concelho uma das ajudas mais preciosas que as instituições locais lhes concedem – vestuário e calçado.

E estas ajudas serão desviadas do concelho e nem se trata sequer de uma acção humanitária porque apenas se destina a fins lucrativos, sendo questionável onde será depois gasto esse dinheiro e em que tipo de projectos, mas seguramente nem um cêntimo retornará ao concelho para ajuda dos seus carenciados.

Tendo o município organizações de cariz social com as quais coopera, este tipo de iniciativa deveria ser voltado para o interior do mesmo e não para o exterior. O município tem bastantes carenciados e as instituições que aliviam a carga social da autarquia é que deveriam ser ajudadas usufruindo deste tipo de contentores e não instituições que vêm de fora que com os donativos da população do Entroncamento se realizarão monetariamente.

Este tipo de armazenamento deveria sim ser colocado à disposição das Conferências de São Vicente de Paulo, Conferências de Nossa Senhora Fátima e Cáritas. De outro modo é uma péssima iniciativa, um mau exemplo de gestão social e um desrespeito da autarquia por estas instituições que são cada vez mais necessárias para aliviar o sofrimento das mais e mais famílias que sofrem com a má gestão dos dinheiros públicos a todos os níveis.

1 comentário:

  1. Como ex-presidente da Cáritas do Entroncamento acho de um indelicadeza e realmente uma falta de respeito pelas instituições caritativas da cidade, que trabalham todo o ano para, como foi dito, minimizar a intervenção do municipio e o sofrimento de muitos, e a paga foi a subtracção de grande parte da ajuda para proveitos de terceiros. Espero que no minimo a autarquia pense em recompensar essas instituições aumentando-lhes a ajuda monetária, ou solicitando com quem celebrou o protocolo a vinda de contrapartidas para os carênciados do Entroncamento, o que penso nunca acontecerá conhecendo como conheço algumas destas instituições que se dizem sem fins lucrativos mas apenas pensam nos lucros e proveitos para eles mesmos, e estes proveitos têm o sabor da miséria em que colocam os outros. Estou chocado com o tipo de iniciativa.

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